A boa notícia é que, em razão do embasamento científico, da rápida disseminação da informação e do despertar da consciência social, respostas ecológicas têm sido apresentadas. É claro que também existe um incentivo mercadológico para essa transição, já que os novos consumidores também estão mais conscientes, mas neste contexto todos saem ganhando. O fato é que, no caso da viticultura, a videira é bastante suscetível a doenças e precisa de intervenção, portanto é preciso buscar soluções mais naturais ao se fazer essas intervenções. Diante disso, diversos produtores estão exercendo uma abordagem mais holística, na qual todo o ambiente em que seus vinhedos estão inseridos é levado em consideração. O objetivo é estabelecer um microambiente sustentável, onde o uso de compostos sintéticos seja minimizado. Algumas medidas aplicáveis são a alocação de áreas para habitats naturais, criando corredores de vida selvagem; o emprego de “culturas de cobertura”, reduzindo a necessidade de herbicidas e fungicidas; a introdução de plantas de controle biológico, que atraem insetos benéficos para comer pragas; e a substituição de pesticidas por maquinário de controle térmico (jato de vento laminar de 150ºC a 200 km/h) ou armadilhas de feromônio natural, que confundem sexualmente, mas não matam, possíveis pragas.
Parafraseando Allison Lengauer Jordan, diretora-executiva do California Sustainable Winegrowing Alliance, “a sustentabilidade é o novo normal”. Se pode verificar isso em escala global tanto na indústria do vinho, como na indústria de alimentos em geral, onde os orgânicos vêm conquistando cada vez mais espaço. Ainda segundo Allison, quase um quarto dos vinhedos da Califórnia é certificado como sustentável. Na Nova Zelândia, quase todos os produtores já possuem a certificação “Viticultura Sustentável NZ”, que exige padrões de biodiversidade, saúde do solo, uso da água, qualidade do ar, energia e uso de produtos sintéticos. No caso do Chile, cerca de 75% dos produtores são certificados como sustentáveis, atendendo requisitos ligados a cultivo, produção e responsabilidade social. Na França, o governo introduziu uma rigorosa certificação ambiental (Haute Valeur Environnementale), cuja meta é que 50% dos viticultores sejam certificados até 2025, com uma redução de, no mínimo, 50% dos compostos agrícolas sintéticos. O Conselho do Vinho de Saint-Emilion institucionalizou que todos os produtores que desejarem usar a A.O.P. da região deverão ser certificados como HVE até 2023.
O mundo está se mexendo e você, o que está fazendo pelo planeta?
by Sommelier Rodrigo Ferraz | Direitos Reservados