Vívidas ou efêmeras, todos nós temos algumas lembranças marcantes da infância, formadas por cheiros, sons, luzes e sentimentos. Assim começa a ser contada a história da Casa Grande de Los Horneros, erguida há mais de 60 anos, quando ali ainda havia pouca gente e a estrada era de terra. Em meio a sítios e fazendas, esse foi o lar do casal Gaitán e Chica, junto de seus três filhos Washington, Juan e Teresa, construído por eles e para eles. Comparada às casas que a rodeiam, a Casa Grande é a maior em tamanho e uma das mais charmosas também. As vinhas envolvem a propriedade, misturando-se ao belo jardim com hibiscos, ameixeiras e romãs. Completando o cenário estão os feijoeiros que Gaitán costumava colher com seus netos, as conservas e massas caseiras da Chica, as tortilhas feitas por Juan, os bolos de doce de leite, os churrascos e os almoços de fim de semana.
Este projeto artesanal traz consigo o respeito pela família e o calor do lar. Ao chegar à Casa Grande, provavelmente o primeiro a lhe cumprimentar será o querido e simpático cão Zíppolo. Logo em seguida virá Washington, para lhe contar sobre sua paixão pela vinha e pela terra. Florencia, a enóloga, vai apresentar os vinhos e revelar a origem de cada rótulo artístico. Se der sorte, ainda poderá provar alguma delícia caseira feita por Francesca, com a possibilidade de trocar algumas receitas.
Essa é a quarta geração de viticultores da família, lutando pela preservação de seu legado através deste belo projeto independente, que surgiu no mesmo galpão onde Gaitán guardava as máquinas utilizadas no vinhedo. Segundo eles, “o vinho é uma expressão que, na sua individualidade, dialoga com quem o degusta”. Eu acredito na filosofia desta família uruguaia, principalmente após degustar seus vinhos, carregados de vivências, sentimentos e personalidade.
Caso queira visitar a Casa Grande e a acolhedora família que a habita, basta pousar em Montevidéu, seguir de carro para o leste na região de Canelones, até chegar no Camino de Los Horneros. Uma terra de brisas suaves e constantes provenientes do Rio da Prata, que evitam temperaturas extremas. Boa viagem e até a próxima degustação.
by Sommelier Rodrigo Ferraz | Direitos Reservados