Quem já visitou o Alentejo, sabe que lá existe uma energia poderosa envolvendo a paisagem. Uma terra árida e ensolarada, de imensas planícies com características mediterrânicas, onde tons amarelados e esverdeados pintam o horizonte. Dividindo espaço com vinhedos e olivais, estão os sobreiros e azinheiras compondo sua inconfundível identidade natural. Pelo fato de não haver nenhuma barreira orográfica imponente que pudesse segurar a condensação da humidade vinda do Oceano Atlântico, a secura acaba sendo um fator relevante neste terroir. Pequenas e escassas cadeias montanhosas da região estão mais concentradas na parte leste, logo na divisa com a Espanha. Não coincidentemente, as sub-regiões do vinho alentejano também estão concentradas nessa mesma área. Afinal, os produtores precisam buscar continentalidade e altitude para garantir a tão importante amplitude térmica, essencial principalmente no período de maturação das uvas viníferas de boa qualidade.
Onde há muito sol e pouca chuva, há vinhos intensos e estruturados, sejam eles brancos ou tintos, assim é a essência dos exemplares alentejanos. No entanto, potência sem frescor não basta, pois, vinho robusto sem acidez se torna enjoativo. Diante disso, para garantir a preservação da acidez dos frutos, diversos vinhedos de prestígio estão diretamente ligados às localizações mais continentais e elevadas da região, onde as noites são mais frescas, apesar dos dias escaldantes. Exemplos claros desse panorama são os agrupamentos de vinhas que podemos encontrar nas encostas da Serra de Portel e Serra de Ossa (ambas no distrito de Évora, Alentejo Central) e, mais ao norte, nas encostas da Serra de São Mamede (no distrito de Portalegre, Alto Alentejo). Esses estão entre os locais mais importantes da vitivinicultura alentejana, a qual equilibra taninos sedosos, exuberância aromática e frescor natural como poucos terroirs do mundo. Um brinde à força do Alentejo!
by Sommelier Rodrigo Ferraz | Direitos Reservados